Um pouco sobre Käthe Kollowitz

Nascida em 1867, Käthe Kollowitz foi uma artista alemã que trabalhava com pintura, impressão e escultura. E ela tinha um tema: os efeitos da pobreza, fome e guerra na classe trabalhadora. Começando com Realismo, eventualmente seu trabalho acabou mais associado com o Expressionismo.

Como você pode ter suposto pela época e local em que Käthe nasceu, bem como seus temas, ela viu o pior da situação humana bem de perto. Educada desde cedo como uma artista, ainda jovem ela começou a trabalhar ilustrando trabalhadores que via nos escritórios de seu pai.

Indo estudar em Berlin, ela foi influenciada pelo artista Max Klinger e depois, em Munich, conheceu o médico Karl Kollwitz, com quem viria a se casar, e os dois voltaram para Belin. Lá, os horrores do mundo novamente a inspiraram: Dr. Kollwitz atendia berlinenses pobres.

Considerando a vida da classe média pedante, ela se inspirou cada vez mais nas dificuldades e na força que os mais pobres demonstravam. Nas palavras dela, porém, a atração não era por compaixão ou comiseração, mas simplesmente porque via uma beleza nessas vidas.

Dois ciclos de ilustrações de Käthe se destacam entre o fim do século XIX e o começo do século XX: o primeiro se chama “Os Tecelões”, inspirada na peça de mesmo nome de Gerhart Hauptmann, sobre uma revolta de tecelões silesianos de 1844.

O segundo é a Guerra dos Camponeses, representando o evento histórico de mesmo nome que se iniciou em 1525. A série foi amplamente reconhecida pelo mundo e… bem, não dá pra negar a força das ilustrações.

Com a Primeira Guerra, Käthe acabou por perder seu filho mais novo, Peter, em 1914. Isso a colocou em uma prolongada depressão, que levou a uma série de desenhos para um monumento feito ao filho e seus camaradas. Ela o destruiu em 1919 e recomeçou em 1925, terminando em 1932.

“Nós [mulheres] somos dotadas da força para fazer sacrifícios que são mais dolorosos que dar nosso próprio sangue. Consequentemente, somos capazes de ver os nossos [homens] lutarem e morrerem quando é em nome da liberdade” — Käthe Kollwitz

Sua carreira seguiu, com cada vez mais envolvimento. Depois da Primeira Guerra ela também trabalhou em um ciclo de ilustrações denominado simplesmente "Guerra" (Krieg), demonstrando os horrores da guerra para tentar reduzir o sentimento pró-guerra que vinha crescendo na Alemanha.

Nos anos 1930, ela trabalhou em seu último grande ciclo de litografias, Morte, com a própria personificada buscando uma série de personagens, em diversas situações.

Mesmo no fim de sua vida, Käthe não teve sossego. Em 1933, autoridades nazistas forçaram que ela largasse seu cargo acadêmico, e ela teve suas obras tiradas de museus. Em 1936, a Gestapo lhe visitou, ameaçando levá-la a um campo de concentração, mas sua fama impediu algo assim.

Personalidades do mundo da arte tentaram ajudá-la, oferecendo refúgio nos EUA, mas ela recusou por temer represálias à sua família. Seu marido morreu doente em 1940, seu neto Peter, como seu filho mais jovem de mesmo nome, morreu na guerra, dessa vez a Segunda Guerra.

Em 1943, ela conseguiu deixar Berlin e, no mesmo ano, a casa foi bombardeada e várias de suas obras e documentos foram perdidas na ocasião. Em uma nota triste, mas que parece caber em sua biografia, Käthe faleceu apenas 16 dias antes do fim da Segunda Guerra.

Este, claro, foi um resumo curtíssimo de uma carreira artística imensa, que muito influenciou as artes e o mundo. Se você quiser saber mais, recomendo que acesse o seu museu oficial: https://www.kollwitz.de/en/default

ANTES QUE VOCÊ VÁ EMBORA, LEIA MAIS UM POUCO QUE TENHO UM PEDIDO ESPECIAL:

Eu e mais quatro autores brasileiros estamos com um projeto para homenagear esta grande artista, chamado “Adágios para Käthe Kollwitz”. São 10 contos, cada um inspirado livremente em uma de suas ilustrações.

Queremos não só espalhar a beleza e o horror dessas ilustrações, mas ousar falar de dor humana. Só que para o projeto acontecer, precisamos de vocês para nosso financiamento coletivo! Confiram o link, apoiem, compartilhem. Obrigado!

CONFIRA O PROJETO AQUI -> https://www.catarse.me/adagios?ref=Rodrigo