Alguém está tentando te enganar: 21 dicas para identificar e evitar fake news

Rodrigo Ortiz Vinholo
26 min readJul 13, 2020

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Destaque de um retrato de Samuel Johnson pintado por Joshua Reynolds (1775).

Ah, as notícias falsas — ou, como todos gostam de chamar agora, “fake news” — , o mundo seria tão melhor sem elas!

Apesar delas terem aumentado nos últimos anos, apesar do nome novo, elas estão longe de serem novidade. Desde os primórdios da internet estavam aí, sendo versões digitais da boataria do mundo.

Hoje, nem os que vivem na internet desde o começo de sua popularização são imunes às notícias falsas, então é preciso sempre ter atenção. A parte boa é que, apesar de certa sofisticação, as fake news seguem sempre certas fórmulas que não resistem a uma análise cuidadosa, especialmente seguindo algumas dicas.

Vamos analisar 21 bons hábitos que você deve ter na hora em que receber qualquer informação na internet. Se você seguir esses cuidados, será muito bom para você, para as pessoas que te cercam, e para a sociedade como um todo.

O bom senso agradece.

1- Sempre exija fontes, e sempre verifique informações.

Toda notícia precisa de fontes, caso contrário é rumor, fofoca e, por padrão, não devemos acreditar nesse tipo de coisa.

Recebeu uma notícia? Veja se há referências das afirmações que estão nela. Se não há, desconfie.

Na dúvida, o melhor truque aqui é jogar a afirmação principal da notícia na busca do Google — com as palavras que foram usadas na mensagem que você recebeu. Normalmente, se a notícia for verdadeira, ela surgirá reproduzida por outras fontes reputáveis. Por outro lado, com os vários canais que se dedicam a desmentir notícias falsas já registrando esse tipo de bobagem, caso ela seja falsa você geralmente vai encontrar um ou mais links de referência apontando a inverdade.

Se não há referência confirmando nem desmentindo, entenda que provavelmente é mentira ainda assim. Dificilmente você receberá uma notícia em primeiríssima mão, então geralmente ela será rapidamente reproduzida por outros canais, se for verdadeira, e sua busca já encontrará nem que sejam os primeiros ecos da divulgação.

Vale lembrar: um blog pequeno e obscuro não é uma fonte reputável. Alguém falando algo no YouTube não é uma fonte reputável. Seu Facebook não é uma fonte reputável, e o WhatsApp muito menos. Estes são Terra de Ninguém, EXCETO se citarem fontes verificáveis, e se estiverem de fato dizendo o que está nas fontes — afinal, não adianta só citar uma fonte e contrariá-la.

Lembre-se que muita gente vai tentar fingir que fontes, citando referências vagas como “um médico”, “um especialista”, “uma universidade”, “um estudo”, “uma investigação”, mas se não existir um nome e esse nome não puder ser rastreável, não acredite. Nem o nome real de um especialista ou de uma instituição quer dizer que é real, se a referência realmente não tiver feito o que disseram que fez, ou dito o que disseram que disse.

Canais maiores, como os grandes portais de notícia, por regra são veículos que, por notoriedade e tamanho, podem ser facilmente processados por notícias falsas, portanto em linhas gerais eles não vão passar informações falsas (o que não impede que tentem omitir ou distorcer com opiniões, mas isso é algo que veremos mais à frente.)

2- Não é porque uma parte é verdade, que tudo é verdade.

Você sabe como funciona uma teoria de conspiração? Basicamente, elas se baseiam na ligação de dois ou mais fatos sem relação alguma com uma tentativa de raciocínio lógico relevante ao que é apresentado.

Ou seja, é como dizer que o mar é um céu, porque ambos são azuis. Ninguém pode dizer que não seja verdade que o céu é azul, ou que o mar pode ser azul, mas qualquer um pode afirmar que um não é o outro, e que essas semelhanças não os tornam iguais. Mas o conspirador vai tentar fazer isso, ainda assim.

Essa técnica é empregada muitas vezes por pessoas que fazem notícias falsas. Elas utilizam informações e fatos reais, incluindo referências a pessoas, e adicionam as justificativas que querem, omitindo todo e qualquer fato correlato que não seja relevante à narrativa que quer ser apresentada. A diferença é que o discurso empregado foca unicamente na explicação que querem, com os fatos reais surgindo apenas como justificativa.

Parece confuso? Pois é assim que eles querem que você se sinta. Se você questionar a falta de lógica da ligação, vão apontar os fatos reais como prova da veracidade do argumento inteiro e o seu questionamento, baseado em lógica, como incapacidade de percepção de uma verdade superior e auto-evidente.

Ou seja, quando te apresentarem uma informação, verifique se o que ela está dizendo é representativo da realidade em todos os pontos, não apenas nos que forem relevantes à mensagem em questão.

3- Fuja de qualquer apelo à emoção.

Você recebe um vídeo e tem alguém gritando, ou alguém chorando, ou música triste, fúnebre, tensa, patriótica ou qualquer outro elemento que seja emocional. Ou você recebe uma mensagem ou link e vê a afirmação que algo é “um absurdo”, ou “uma vergonha’, ou alguém está dizendo que algo é “urgente”. Em todos esses casos, tenha certeza que estão tentando te manipular.

Uma técnica frequentemente empregada com notícias falsas é o apelo à emoção. Envolve-se uma informação que pode ou não ser real ao sentimento que querem que você sinta para manipular sua opinião mais rapidamente. Se a informação é real, define-se o sentimento que você deve ter em relação a ela (bom ou ruim), e se a informação é falsa, injeta-se sentimento para que, em um estado emocionalizado, você não pense o suficiente para questionar.

Assim, pense que se alguém está te passando uma informação com raiva, ele está querendo que você receba a informação com raiva. Não importa se a pessoa parece ter um motivo legítimo para isso: informações transmitidas sob um estado emocionalizados não são confiáveis em nenhum cenário, mesmo quando a emoção envolvida não é de caso pensado. Pense que, geralmente, a mesma informação poderia ter chegado até você em uma versão sem emoção. Se ela chegou nesse formato, questione os motivos da pessoa que enviou originalmente, ou ao menos das que repassaram.

Em texto, além dos termos supracitados, a escrita com letras maiúsculas, emojis e outros indicadores de emoção também podem ser contados como apelo à emoção. Se não está escrito como estaria em um jornal, revista ou livro, provavelmente não é uma fonte confiável.

4- Certifique-se do contexto correto.

Uma declaração bombástica foi dita por alguém! Mas qual o contexto em que ela foi dita? O que a pessoa queria dizer era o que realmente parece? Tirar uma frase do contexto é muito fácil. Geralmente, tirar um fato é um pouco mais difícil, mas também acontece.

Outro caminho para te enganarem com contexto ou falta dele é omitir o contexto informativo de um fato. Alguém te apresentar uma estatística como uma alta histórica, ou como um ponto baixo, sem permitir uma visão clara comparativa, não significa muito, mas é fácil de esquecermos de questionar isso. Isso é especialmente útil quando se trata de um número que a maior parte das pessoas não compreende bem, ou que não é fácil de compreender rapidamente. Idem para alguma lei complicada, ou decisão política, ou qualquer outro conteúdo especializado.

Em um nível mais simples, até grosseiro, algumas fake news marcantes picotam pedaços de áudios e vídeos para atender a um discurso maior, complementando-o com comentários, outros vídeos, outros áudios ou simplesmente explicações em texto. Um debatedor que fala algo mas cujos argumentos do adversário nunca são ouvidos pode parecer muito melhor do que realmente é. Certifique-se que você está vendo tudo o que realmente acontece, porque esses artifícios de recontextualização permitem facilmente uma manipulação da informação que foi vista.

Um truque: alguém te passou um vídeo ou foto que não tem, em si, as informações que foram complementadas por um contexto externo? Desconfie.

Outro ponto, que deveria ser claro a todos, mas que é algo que continua acontecendo: se alguém te passou um vídeo, certifique-se que, além das explicações de contexto, você tenha o que vem antes, o que vem depois, e que não existam cortes convenientes. Várias fake news prosperam com vídeos que são basicamente uma colcha de retalhos, porque as pessoas não se importam com esses cortes.

E para quem for mais atento: O som está estranho? Veja se não pode ter sido dublado. Alguém está falando algo por cima da filmagem ou por trás da câmera? Pode ser que essa gravação tenha sido sobreposta ao vídeo original.

Contexto é tudo.

5- Cuidado com manchetes e resumos.

Quase um desdobramento do ponto anterior, atenção para qualquer tentativa de encurtar muito um assunto complexo. Isso pode ser feito a partir de uma manchete que não exprima toda a verdade de um fato ou seu contexto, ou que a tendencie em qualquer maneira.

Muitas vezes, a brevidade é uma arma para a desinformação, exatamente porque o que é curto e simples é mais fácil de reproduzir aos quatro ventos, e com o máximo de urgência e emocionalidade. O uso de citações é especialmente efetivo para isso, no sentido em que a parte da conversa que foi destacada pode não exprimir o teor do resto da fala e do posicionamento da pessoa em questão.

Em mensagens em redes sociais, WhatsApp e derivados, isso ajuda com o efeito de “compartilhar sem ler”, ainda mais quando a notícia é — ou parece ser — algo urgente, grave, absurdo ou inflamatório em qualquer sentido.

Outras vezes o que acontece são os resumos, bem-intencionados ou não, mas inevitavelmente tendenciados, que deixam alguma coisa de fora. Se a informação é curta demais, desconfie.

Lembre-se: busque a informação mais completa possível e, se estiver dúbio ou curto demais, nem compartilhe.

6- Não confie em quem usa novilíngua.

Na clássica obra “1984”, de George Orwell, existe o conceito de “novilíngua”, que se tratava de um meio de controle de opinião através da simplificação do idioma, condensando e removendo palavras, ou ao menos suprimindo alguns de seus significados.

Se você recebeu uma notícia e uma ou mais palavras — geralmente o foco da notícia — é substituído por um apelido simplista, derrogatório, ou que altera o significado geral utilizado por essa palavra, desconfie.

Se a fonte é incapaz de passar a informação chamando as coisas do nome que elas são chamadas em qualquer circunstância normal, ela não é uma boa fonte, porque evidentemente quer atribuir um novo significado ao objeto da notícia que está passando, ou deseja suprimir outros significados que não sejam relevantes para o seu discurso.

Em geral, boas fontes buscam tratar o objeto do jornalismo como — em tese — jornalistas deveriam fazê-lo: com distância e neutralidade. Tudo é chamado pelo nome que tem, e tudo é explicado somente dentro do que se sabe.

7- Não acredite em "falsos segredos".

Um jeito de tornar uma notícia mais suculenta, e muito mais interessante de ler, assistir e compartilhar é se ela for revestida com um ar de segredo ou de proibição.

“Não querem que você veja”, “isso a grande mídia não fala”, “não querem que você saiba” e outras frases de efeito do gênero geralmente acompanham muitas notícias falsas, com a sugestão que a informação ali contida só não foi compartilhada por qualquer canal de reputação e fama porque eles todos são vendidos, ou enviesados, ou ignorantes em algum sentido.

Pense bem, no que é mais fácil acreditar: que um canal de notícia que faz todo seu dinheiro dando informações e que se beneficiaria de uma (ou mais) matérias exclusivas ia deixar de publicar a informação que um Zé Mané qualquer passou pelo WhatsApp de graça, ou que o Zé Mané não tem compromisso com a verdade? Você poderia argumentar que a notícia não sai em um canal específico porque o canal é vendido, mas isso não se sustenta quando nenhum dos outros grandes canais fala a respeito, a não ser que você entre em um campo de teoria conspiratória.

Além do mais, muitas vezes esse argumento é usado simplesmente para tentar reforçar algum assunto que, francamente, não é interessante. Muitas vezes canais de mídia são cobrados com frases como “sobre tal assunto você não fala!”, quando, na verdade, já publicaram a respeito, por vezes várias vezes, e quem reclama não percebeu porque simplesmente não correu atrás de saber mais a respeito.

Finalmente, lembre-se que os canais de mídia são movidos a dinheiro, tanto de assinaturas quanto, especialmente, da publicidade que conseguem colocar em matérias. Se as matérias sobre um assunto não estão atraindo público, elas não vão fazer escrever e publicar sobre o assunto. Ou ao menos vão reduzir esse tipo de produção, dando preferência a assuntos que atraem mais público e, claro, dinheiro.

8- Não acredite em quem usa adjetivação desnecessária.

Uma marca de qualidade do bom jornalismo (ou, ao menos, do jornalismo que não é excessivamente ruim e sensacionalista) é a ausência de adjetivação desnecessária.

Se alguém está chamando algo de “horrível”, “pavoroso”, “horrendo”, é porque querem que você acredite que seja lá o que estão falando é realmente horrível, pavoroso e horrendo. Se alguém é chamado de “monstro”, “ignorante”, “maníaco”, é porque querem que acredite que essa pessoa é assim. Quanto mais subjetivo o adjetivo empregado, mais você deve desconfiar, porque tentam formar sua opinião sobre um fato apresentado, fazendo com que você aceite uma tese muito específica.

Mesmo, por vezes, quando usarem termos mais objetivos, vale desconfiar. Veja como “criminoso”, “medíocre”, “falho”, “ladrão” e outros que podem denominar tanto uma descrição objetiva quanto uma subjetiva são usados para definir algo, alguém ou uma ação. Os autores podem disfarçar com mais facilidade que estão tentando guiar sua opinião, especialmente porque, ao serem colocados de maneira dúbia, ainda que certa, abrem espaço para serem tanto xingamento quanto simplesmente um meio de descrição.

Nesses dois sentidos, atenção ainda maior para elogios. Se alguém ou alguma coisa está sendo elogiada, tenha certeza de que essa notícia quer toda a sua afeição para o que é apresentado, ou seja, estão tentando de manipular.

Resumindo: se um artigo que pretensamente não apresenta uma opinião está criticando ou elogiando alguma coisa, ele é provavelmente uma peça de propaganda para alguma narrativa.

9- Não é porque existe em grande volume que é verdadeiro.

Notícias falsas são compartilhadas milhares, por vezes milhões de vezes, ao ponto de darem a impressão de serem consenso e realidade simplesmente pelo volume excessivo. Lembre-se: não é porque está em todos os lados, não é porque você está recebendo muito, que quer dizer que é verdade.

Na prática, essa é uma falácia extremamente comum que se aproveita de algumas características da natureza humana. Nós somos criaturas sociais, e se nossa bolha social está concordando com uma coisa, nós nos sentimos impelidos a concordar com ela, com pouco ou nenhum questionamento.

Muitas pessoas que fazem notícias falsas sabem disso, e se aproveitam da mania de compartilhamento para que, quando um indivíduo receber a mesma informação de diferentes fontes, ela pareça mais verdadeira por isso.

Pense assim: existem mais pessoas inteligentes e informadas no mundo, ou pessoas ignorantes e desinformadas? Se algo está espalhado e parece consenso, então, reflita se é porque é algo evidente a todos, ou se simplesmente é porque as pessoas estão exercendo ativamente a ignorância.

10- Uma análise não torna um fato real.

Não é porque um (pretenso) especialista está falando que uma coisa é verdadeira, que ela se torna verdadeira.

Muitas vezes, notícias falsas prosperam porque elas utilizam um tipo de apelo à autoridade, a partir do momento em que são divulgadas por comentaristas políticos, jornalistas, especialistas de uma área ou outra, bem como celebridades que podem não ter alguma formação específica, mas têm credibilidade por serem vistas como pessoas famosas e reputáveis por algum motivo.

Mas adivinha só: essas pessoas também erram, e essas pessoas também mentem, e uma informação falsa não se torna verdadeira porque elas estão divulgando.

"Ah, mas você acha que essa pessoa colocaria sua reputação em jogo por isso?" Sim. A história mostra incontáveis ocasiões em que isso acontece, seja por ideologia, dinheiro ou simplesmente por ignorância.

Mais do que isso, uma coisa que as pessoas não entendem é que, muitas vezes, essas pessoas estão comentando algo, fazendo previsões e análises praticamente como um estudo de possibilidades, e a análise acaba sendo entendida pelo público como um fato. Do mesmo modo, há os casos em que uma acusação é feita, uma suspeita é levantada, uma hipótese criada e, sem prova nenhuma apresentada, se torna um ponto de discussão válido simplesmente porque quem falou é minimamente relevante.

Existem casos em que essas análises surgem à toa, mas muitas delas são feitas sabendo que poderão ser espalhadas e tomadas como verdade por um público que acredita, então sempre preste atenção para o tipo de análise que você consome, porque uma previsão não é um fato real, e raramente é livre de viés.

E isso acontece mesmo que a pessoa que criou a análise ou que a divulgou tenha credenciais, ou que fale de maneira eloquente, ou que tenha um vocabulário rico.

Acima de tudo, lembre-se: não é verdade só porque você concorda com a análise que foi feita sobre o assunto.

11- Uma anedota não prova nada.

Esta aqui é especialmente importante para qualquer assunto de ciência, mas se aplica a basicamente tudo na vida: toda vez que algo na ciência vai ser feito, é testado e retestado. Só se formulam teorias com base em amostras significativas de testes de uma hipótese. Assim, se você chegar para um bom cientista e apresentar um caso isolado, ele irá desprezar isso porque não estatisticamente significativo.

Tenha esse mesmo raciocínio científico quando for consumir quaisquer notícias e informações que lhe fornecerem: um caso não determina uma regra em contexto algum.

Só que muitas pessoas, quando divulgam notícias — sejam elas verdadeiras e descontextualizadas ou propositalmente falsas para atenderem a um discurso — , propositalmente oferecem um exemplo solitário como indicador de uma tendência maior. Geralmente estas são acompanhadas de uma análise para reforçar a mensagem que querem levar quando compartilham essa notícia.

Assim como no papo de teorias da conspiração, a ideia é oferecer um ou poucos exemplos para supor um todo, fingindo que estes bastam para alguma afirmação estatística ou logicamente representativa. Mas lembre-se que, no geral, para a maior parte dos assuntos em que se oferecem anedotas, nem que mostrassem uma centena seriam exemplos suficientes para ter alguma significância estatística.

Fica a lição: se alguém te mostrou uma história solta, tenda a pensar que essa pessoa quer te convencer de alguma coisa, e que se ela não consegue provar isso de outra maneira, provavelmente não é como ela afirma que é.

12- É muito fácil mentir com números.

Você sabia que 4 em cada 5 notícias compartilhadas no WhatsApp são falsas? Mentira, eu não sei qual é o número certo, mas você viu como meu texto soa muito mais embasado quando eu digo isso? E mais: notou o quão mais alarmante soa, em vez de algo vago como “a maioria das notícias compartilhadas no WhatsApp é falsa”?

Mentir com números é uma das melhores maneiras de fazer com que você pareça que está falando a verdade, e que essa verdade foi amplamente embasada matematicamente de alguma forma. Implicitamente, não só há credibilidade, como há a indicação indireta de que para alguém questionar a informação seria necessário ter que fazer sua própria pesquisa e estudo em vez de só apontar que você está mentindo, por mais que seja óbvio.

Um elemento recorrente em notícias falsas, números em geral têm a facilidade de serem fáceis de lembrar e reproduzir. Podem ser inventados, distorcidos e, se forem interessantes, caem facilmente na boca do povo.

Mas aí vem a dúvida: não seria fácil de detectar se um número é falso em uma notícia? A resposta é… depende! Muitas vezes um número falso pode ser repetido vezes o suficiente para dificultar que o verdadeiro seja encontrado, mas também porque vários dos números usados em notícias falsas não são propriamente falsos, mas simplesmente desonestos.

Primeiro há a questão de interpretação. Digamos que você tenha uma estatística de violência em um país em um período. Não é honesto fazer uma notícia que tente minimizar isso falando sobre as pessoas que não sofreram violência na mesma época, ainda que você poderia argumentar que o número de pessoas que não sofreram violência não é falso. É uma distração do foco principal, para tentar amenizá-lo.

Outras vezes a interpretação é mais vaga, usando o que um número parece querer dizer e ignorando seu contexto geral e significado — é como os erros de contexto e de manchete que mencionamos antes.

Continuando, se você mudar o contexto de um estudo, é fácil tirar o número que quiser para apoiar sua causa. Do mesmo modo, uma pesquisa com metodologia e amostragem imprópria podem produzir números que são em tese reais — afinal, pessoas realmente foram entrevistadas — , mas completamente mentirosos, porque foram tendenciosos propositalmente desde o começo.

Imagine se eu fizesse um estudo da minha popularidade e só entrevistasse meus familiares, afirmando que se trata de um resultado representativo do Brasil inteiro? Eu poderia me vender praticamente como uma celebridade!

Existem centenas de formas mais de trapacear com números, que dariam matérias inteiras (e inclusive já geraram até mesmo alguns livros), mas estas incluem: comparar números obtidos de formas diferentes, comparar métricas diferentes, somar números erroneamente, reinterpretação de dados sem embasamento, inventar métricas ou métodos novos que não fazem sentido, ignorar ou alterar escalas numéricas, apresentar gráficos fora de proporção, entre outros.

Um método de trapaça que vale um último destaque é a exibição parcial de resultados. Sempre que te apresentarem números, seja em pesquisas de opinião ou em qualquer outra métrica, verifique se estão te mostrando todos os números. Muitas vezes, fake news prosperam porque mostram somente os números ruins ou somente os números bons de um contexto, de acordo com o que querem que você acredite. Claro que uma manchete geralmente não vai incluir tudo, mas se nem o corpo da matéria incluir os dois lados, desconfie. Em qualquer cenário de números, sempre busque saber o todo, o bom e o ruim, todo o contexto.

Um último pensamento relevante a este item: não confie em pesquisas feitas online. Pesquisas online sempre podem ser facilmente burladas com perfis falsos, votos repetidos e, invariavelmente, acabam atendendo um público muito específico que vai tendenciar os resultados. Normalmente, institutos de pesquisa sérios buscam ter uma amostra variada, que cubra um público que seja representativo do total que querem estudar. Online, mesmo que seja tudo normalmente público, normalmente bolhas de usuários com características em comum tendem a interagir com os mesmos tipo de conteúdo, fazendo com que ele deixe de ser representativo — isso quando não existiu realmente algum viés ativista em qualquer sentido para que a pesquisa passasse a ter certo resultado.

13- Cuidado com as comparações fora de contexto.

Em alguns aspectos, este ponto conversa com o item anterior. Sempre que alguma comparação aparecer, se atente principalmente a dois aspectos:

1- Os itens comparados são equivalentes?
2- A comparação é relevante?

Muitas vezes, uma comparação é colocada em uma notícia falsa (ou qualquer material apoiando uma notícia falsa e/ou tendenciosa) simplesmente como distração. O objetivo é enviesar sua percepção do que está em pauta. Isso pode ser uma comparação negativa ou positiva, mas geralmente é usada simplesmente para uma bela passada de pano.

Para verificar se os itens são equivalentes, pode acontecer de modo objetivo ou subjetivo. Objetivamente acontece muito com números, como vimos antes. Em uma pesquisa, a amostragem é equivalente? O método é o mesmo? O contexto é o mesmo? Quando estamos vendo uma série de dados, os períodos em comparação se equivalem? Existe algum dado que deve ser compensado ou recalculado na comparação?

Há toda a questão de equivalência que, por vezes, pode entrar na subjetividade. Se estamos comparando as ações de duas pessoas, as duas comparadas são equivalentes? As condições eram as mesmas? O histórico é o mesmo, e faz sentido considerá-lo? Está se usando a mesma medida nas comparações? Está usando o mesmo contexto?

Muitas vezes, finge-se equivalência considerando parte das circunstâncias, mas de propósito ou por ignorância acabam não sendo considerados outros aspectos que vão pesar na comparação.

Com tudo isso considerado, vem o segundo ponto: é mesmo relevante que essa comparação esteja aí, ou ela só está sendo feita para diminuir ou aumentar um dos lados? Pense bem: o que é que essa comparação está atendendo dentro da discussão? Ela está permitindo um contexto maior para entendermos a situação atual? Ela realmente faz sentido de ser comparada, mesmo que possa ter elementos comparáveis?

Muitas vezes notícias falsas incluem defesas ou ataques com base em comparações que sequer fazem sentido, mas como há um envolvimento emocional e/ou sensacionalismo envolvido, cria-se a ilusão de que há equivalência e/ou relevância.

14- Se alguém precisa muito que você compartilhe, pode ser que informar não seja o único objetivo.

Com o advento dos blogs e canais de YouTube, pedir para alguém compartilhar um vídeo ou uma postagem em redes sociais acabou se tornando algo esperado. Em fake news isso também surge, com a diferença de ter mensagens geralmente inflamatórias e pedidos urgentes, tanto as supracitadas como “isso a mídia não mostra”, mas especialmente as que basicamente imploram: “faça chegar no maior número de pessoas!”

Lembra-se quando vimos ali em cima o efeito de notícias falsas chegarem às pessoas por diversos canais, quase simultaneamente e em grande quantidade? Esse é o truque. Se está em todo lugar, e vem de diversas pessoas, parece verdadeiro. Cria-se a urgência e uma importância excessiva no compartilhamento, por vezes até com promessas de efeitos esperados para isso.

O compartilhamento sem pensar, passando qualquer informação que chega porque entende-se que ela seja de uma fonte confiável e/ou de um pretenso aliado é exatamente o que aqueles que criam notícias falsas querem que você faça. Quando você compartilha a mensagem deles, no longo prazo cria o condicionamento de que a mensagem é sempre verdadeira, e você ainda colabora com a disseminação, se tornando vetor de desinformação, como se ela fosse um vírus.

Não confie cegamente no “faça chegar no maior número de pessoas”. Isso é papo de quem quer dominar o espaço de uma discussão com sua versão de um assunto, especialmente em cenários como o WhatsApp ou redes sociais. Na prática, até desconfie de quem usa esse argumento.

15- Nem todo mundo precisa de ajuda e ninguém está contando o número de compartilhamentos, curtidas ou comentários.

Quando as redes sociais começaram a se popularizar, as contagens de curtidas, compartilhamentos e comentários viraram rapidamente uma febre. Com elas, vieram as promoções que usavam esses artifícios para premiar as pessoas.

Só que, desde o começo, há um tipo de mentira que segue sendo repetida: aquele tipo de mensagem que diz que alguma marca específica, ou algum órgão, ou o próprio Facebook/WhatsApp/Twitter/etc. está rastreando o número de compartilhamentos e irá bonificar alguém de alguma maneira.

Entendam: marcas só fazem mecânicas desse tipo quando partem da página ou perfil original em suas redes sociais. Se não é um compartilhamento da própria página de marca, tenha certeza que é falso, ou alguém que entendeu tudo errado — de todo modo, continua não resultando em nada além de ruído. A partir do momento em que sai do âmbito de uma página, esse tipo de rastreamento é caro e pouco interessante para uma marca, quando não simplesmente impossível de se fazer.

Além disso, mesmo com todo seu poder, o Facebook não vai rastrear quantas vezes diferentes cópias de uma mensagem foram compartilhadas, e não vai bonificar ninguém.

Hoje em dia há uma nova variação desse tipo de mensagem: coloca-se algum artista ou estudante, geralmente jovem e periférico, em um post cheio de lamentos sobre como ele não é visto ou é injustiçado de alguma maneira, “desafiando” aqueles que verem a curtirem e compartilharem. Lamento dizer, mas o jovem que está na foto emocionante que você compartilhou geralmente não faz ideia que sua imagem foi apropriada por uma página de conteúdo emocionante no Facebook ou seja onde for.

O que está acontecendo, no caso, é que a página em questão está se aproveitando de suas emoções e ingenuidade para conseguir alcance e, na hora de vender alguma coisa, ter um alto público e alcance. Pior de tudo? Às vezes o contexto original da foto nem era o que te passaram e a história é toda inventada.

16- Se alguma pessoa jurídica estiver fazendo alguma promoção ou tomando alguma ação específica, essa estará nos canais oficiais dela, ou será localizável em canais correlatos.

Uma das fake news mais antiga é o golpe da promoção. Correlato à dica acima, lembre-se: se alguém não divulgou oficialmente, provavelmente não é verdade.

Muitas vezes, notícias falsas feitas como trotes, ou para apoiar golpes que roubam informações, usam nomes de marcas, instituições, ONGs e todo tipo de pessoa jurídica para prometer produtos gratuitos, amostras grátis, preços especiais, ações de caridade e mil outras ações publicitárias ou não. As pessoas ficam tão animadas com a possibilidade de ganhar alguma coisa, ou de ajudar alguém, que compartilham sem pensar (ou clicam em links, ou curtem etc. etc.), enquanto as próprias marcas sequer sabem que alguém está usando o nome delas.

O jeito mais fácil de saber se o que foi anunciado é verdade é simplesmente acessar o site ou as redes sociais oficiais da marca. Lá, certamente haverá alguma menção ao anunciado e, se não houver… é falso!

Outro modo, que surpreendentemente é ignorado por muitas pessoas, é o nível de profissionalismo da mensagem. A maior parte das grandes marcas que são citadas nessas mensagens falsas e golpes contam com orçamentos milionários de design e publicidade, e jamais aceitariam que qualquer comunicação da marca fosse mal escrita, e que qualquer arte não fosse impecável. Se achar que está estranho, desconfie!

E, claro, mesmo que for tudo verdade, ainda assim só confie em links que estejam nos canais oficiais da marca! Muitos golpes e notícias falsas realmente reproduzem a aparência e quase tudo de mensagens oficiais, mudando apenas o link ou informações-chave para viabilizarem a mensagem falsa.

Uma última dica neste ponto: atente-se para o meio de contato que foi feito. Recebeu uma mensagem de um celular pessoal ou de um e-mail gmail/hotmail/yahoo fingindo se passar por um anunciante? Considere que certamente uma grande marca não se permitiria usar esses recursos amadores reservados a pessoas físicas.

17- Se a notícia concorda com você, questione.

O principal ponto de fake news é que não são distribuídas à toa: elas se espalham efetivamente através de pessoas que compartilham um mesmo medo, crença ou preferência, que por sua vez repassam para pessoas que têm o mesmo medo, crença ou preferência.

Convenhamos, tirando em algum caso em que você queira atormentar aquele seu parente de posicionamento político oposto, ou tentar convencê-lo de que está errado, você compartilha com ele as coisas de política que você compartilha com outras pessoas? Não. Você geralmente limita essas conversas com quem concorda com você.

Observe, então, que quem concorda com você, sem surpresa nenhuma, vai enviar para você mais coisas que concordam com você, alimentando a ilusão que já falamos antes, de um consenso que só existe em uma bolha muito específica.

Só que é aí que mora o perigo: nossos vieses são óbvios, e por isso é fácil de agir em cima deles. Se esperamos o pior de algo, qualquer notícia que fale algo de bom sobre isso será desacreditada, e qualquer notícia que fale o pior será crível. O oposto, claro, acontece para aquilo de que esperamos o melhor.

Assim, a solução é sempre termos conhecimento claro de que nossos vieses são nossas fraquezas, e podem ser usados contra nós, bastando que uma mensagem com o tom certo cumpra nossas expectativas. Se não formos conscientes e não nos pararmos no momento certo, nós acreditaremos, compartilharemos e investiremos nossas emoções nessa mensagem simplesmente porque ela confirma aquilo que acreditamos e que queremos continuar acreditando, porque o reforço de que estamos certos em nossas convicções faz com que nos sintamos bem.

Aqui existe um ponto delicado da conversa toda, que é o que a maior parte das pessoas não gosta de ouvir: apontar para uma pessoa que ela compartilhou uma mentira, óbvia ou não, simplesmente porque ela quer que aquilo seja verdade, é algo que raramente se faz sem que a pessoa se ofenda. Isso porque, no mínimo, a pessoa teria que reconhecer que foi ingênua.

Só que temos que ter em mente, aqui, que ninguém é imune a ideologia e propaganda, portanto é um louvável ato de coragem reconhecermos nossos vieses e não nos deixarmos render a eles. Isso pode ser tanto admitindo quando erramos, como não permitindo que cometamos erros como compartilhar notícias falsas.

Lembre-se que não é verdade só porque você quer que seja. Lembre-se que o ato superior não é estar certo, mas questionar as próprias premissas e, se necessário, mudar de opinião.

18- Mesmo se a notícia veio de alguém confiável, desconfie.

Sabe o famoso “só acredito vendo”? Pois aplique isso também em tudo que te mandarem de notícias, trocando pelo “só acredito conferindo.”

Como vimos no ponto anterior, é muito fácil sermos enganados quando apelam para algo com que nos importamos. Pois bem: isso acontece com todo mundo.

Pode parecer grosseiro ou falta de consideração com as pessoas queridas da sua vida, mas é o mais responsável: não acredite no que elas te passaram sem ter um nível mínimo de exigência. Confira todas as características que vimos antes, e entenda que a pessoa que te passou algo falso provavelmente não fez por mal, mas porque foi uma vítima de enganação. E que você estava seguindo no mesmo caminho, ao aceitar e, quem sabe, até mesmo reproduzir o conteúdo que recebeu dela.

É importante dizermos, também, que mesmo especialistas e pessoas cultas são suscetíveis a divulgar informações falsas. Isso pode ser por falta de interpretação, por desconhecimento (afinal, ninguém é especialista em tudo), ou por vários outros motivos, incluindo, claro, ideologia!

Repito: ninguém é imune a ideologia. Se você for tirar uma única informação deste artigo inteiro para adotar e repetir quantas vezes precisar é esta que será a que mais te ajudará em toda a sua vida: ninguém é imune a ideologia.

19- Não é porque você gosta que é verdadeiro, e não é porque você não gosta que é falso.

Se esta dica parece repetida com a que falamos antes, sobre fake news que concordam com você, é porque elas são correlatas. Mas elas não são a mesma coisa.

Existe uma categoria própria de notícias falsas que têm como motivação tentar fazer com que notícias reais sejam entendidas como falsas, ou ao menos falsificar explicações, contextos e inserir motivações que não existem para obedecer a narrativas que sejam interessantes aos falsificadores. Ou seja, é a fake news que acusa os outros de fake news.

Isso é grave, porque é um tipo de distorção que tende a fazer com que fechemos ainda mais os olhos para aquilo que não gostamos. A partir do momento em que alguém nos convence que não devemos gostar de algo ou de alguém, nós nos fechamos completamente para a chance dessa pessoa ou fonte ter razão, ignorando informações verdadeiras e úteis, e tendemos a nos tornar mais abertos à narrativa do acusador, que invariavelmente tem sua própria agenda.

(Sim, sempre é difícil reconhecer que alguém de quem não gostamos tem razão, mas isso acontece.)

Em alguns casos, cria-se até a posição hipócrita de ter a aceitação seletiva, em que se aceita o que se gosta sem questionar e se rejeita o que não gosta do mesmo modo, mesmo que seja tudo da mesma fonte. Nesse universo, a fonte como um todo é atacada e desacreditada somente quando ela fala contra, e quando for relevante, ela pode ser usada para embasar sua opinião. Entenda: é importante ter raciocínio próprio e curadoria de conteúdo, mas ela nunca deve se basear em rejeição e aceitação automática em nenhum sentido.

Se uma mensagem acusa outra de fake news, se atente para as referências, contexto e tudo mais que vimos aqui. Pode ser que nada proceda. E pode ser que proceda, também, mas ainda assim, tome cuidado: claro que a acusação não impede que o acusador tenha razão em algum nível — vários criadores e propagadores de fake news já atacaram outros criadores e propagadores de fake news, especialmente dentro de brigas políticas — mas o motivo para que ele acuse o outro é para que seu crédito aumente para suas próprias falsificações e para que arrecade mais público.

Quem sai perdendo nessa briga toda, além de nós mesmos, consumidores de informações e notícias, são as fontes de informações reputáveis, que acabam tratadas por muitas pessoas como manipuladoras, mesmo quando buscam tratar de fatos com alguma neutralidade.

A moda recente é de atacar a “grande imprensa”, seja lá o que ou quem cada pessoa entender por essa expressão. Geralmente, os ataques partem de artigos de opinião e análises, que de fato são sujeitos a vieses muito mais diversos que os de notícias normais, mas o efeito de rejeição é tão intenso que qualquer notícia tida como desagradável a algum público é sujeita às mesmas acusações, mesmo quando deixam claras as fontes e quando apontam informações inegáveis.

Se canais de imprensa fossem 10% tão irresponsáveis quanto seus detratores dizem que são, já nem estariam funcionando simplesmente porque estariam em um lamaçal de despesas jurídicas. Quando acontece algum processo, geralmente há cobertura desse tipo de ação, e eles são muito menos frequentes do que sugerem os acusadores mais apaixonados, simplesmente porque na hora de realmente ir aos fatos, não há como sequer seguir com uma ação que seria automaticamente perdida. Diferente do criador médio de notícias falsas, que consegue algum anonimato ou tem pouco a perder, esses canais são visíveis e contam por figuras bem públicas, sendo muito mais sujeitos a pressões diversas.

20- Por padrão, duvide de tudo que te enviarem.

Eu sei que pode ser difícil, e que vai até contra a nossa própria natureza, mas entenda que mais do que nunca vivemos em algo que por vezes se assemelha a um cenário de guerra.

Hoje, com o excesso de informações e a facilidade de acesso, há uma batalha constante por narrativas, e em meio a isso há golpes, manipulação, brincadeiras de mau gosto que fugiram de controle, e a mais pura ignorância.

Redes sociais e aplicativos de mensagens não são boas fontes de informação para coisas que não sejam referentes às vidas pessoais de seus amigos e familiares, ou de marcas e canais que você acompanhe (estas últimas, desde que em seus perfis oficiais).

A mania do “noticiário de WhatsApp” que foi criada e que virou o padrão de muitas pessoas é extremamente nociva, e isso não é um julgamento de valor sobre seus contatos, que você certamente confia. É a constatação de que todos eles podem ser enganados, e que ninguém é imune a isso.

21- Na dúvida, não compartilhe.

Redes sociais são baseadas em compartilhamentos. Relações humanas também o são. Quem sou eu para falar para você não compartilhar?

O que quero dizer aqui é que você entenda que você deve ter responsabilidade com o que compartilha. Do mesmo jeito que você em tese deveria ter com qualquer fofoca, com qualquer outra informação. No seu trabalho, você aceitaria uma informação pela metade para passar a um chefe ou subordinado? Provavelmente não. Nas redes sociais, então, se você tiver qualquer dúvida do conteúdo — seja se você não o compreendeu ou se, compreendendo, não tem certeza sobre sua veracidade — não compartilhe.

Se qualquer uma das 20 dicas anteriores pareceu apontar algo estranho sobre o que te passaram, não compartilhe.

Pense que, mesmo que você peque pelo excesso e prive as pessoas de algo que possa ser bom para elas, ao menos você não corre o risco de se tornar cúmplice da desinformação.

E, se você está fazendo de propósito, sabendo que há dubiedade, eu apenas lamento e espero que coloque a mão na consciência e reconheça que o mundo está um pouco pior por ação ou conivência de pessoas como você.

Até mais, boa sorte, e felicidades a todos.

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Rodrigo Ortiz Vinholo
Rodrigo Ortiz Vinholo

Written by Rodrigo Ortiz Vinholo

Publicitário, jornalista, escritor, professor e pessoa estranha.

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